terça-feira, 22 de junho de 2010

Festivais de curta-metragem revelam novos talentos e promovem a inclusão social


Chegada do cinema na periferia ajuda a combater a violência

Viviane Saraiva

Não é de hoje que a imagem e a produção cinematográfica atrai milhões de pessoas em todo o mundo. Com a invenção dos irmãos Lumière, em 1895, na França, o cinema foi criado e se torna cada dia mais popular e acessível ao público em geral. O curta-metragem foi o primeiro formato de filme produzido, porém ainda é um gênero que conquista cada vez mais espaço nos festivais em todo o mundo.

No Brasil, os primeiros curtas surgiram na década de 20, conduzidos por diretores como Eduardo Abelim, Ary Severo, Jota Soares e Luiz de Barros. Na década de 1930, o nome que mais se destacou foi o de Humberto Mauro. Sua primeira produção, em 1925, foi Valadião, o cratera, com a colaboração de seu amigo e fotógrafo italiano Pedro Cornello. Desde então, a produção de curtas-metragens se desenvolve a cada dia.

Com o surgimento dos festivais, os curtas-metragens ganharam mais admiradores. Sendo assim, a produção desses filmes se destaca atualmente em todas as classes sociais e faixas etárias. Com o intuito de incentivar seus alunos à criação de curtas-metragens, a Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, promove desde 2007 o Festival 2 Minutos de Áudio e Vídeo.

O estudante de Rádio e TV Willian Falquetti foi o ganhador do último festival realizado pela Universidade, em 2009. Ele venceu com o vídeo Interrogação e considera importante a participação em festivais para expor seu trabalho. “A visibilidade é sempre bem vinda para quem quer seguir essa carreira e, mesmo que não seja o vencedor, o simples fato de ter tentado é uma grande experiência profissional.”

Falquetti afirma que ainda quer concorrer e mostrar seu trabalho em outros eventos de áudio e vídeo. “Ainda quero participar de festivais, por enquanto de curtas, mas futuramente de longas-metragens também.” O estudante diz ainda, como foi esperar pelo resultado. “A sensação é inquietante, pois ficar naquela espera dá dor de cabeça, mas ganhar um prêmio, não importa qual seja, é uma felicidade quase indescritível.”

Cinema na favela

O projeto Cine Favela é um exemplo de que a sétima arte pode e está presente também na periferia. Criado em 2004, com a finalidade de promover a inclusão sociocultural de jovens carentes, o projeto desenvolve oficinas e exibições semanais de curtas e longas-metragens nacionais na comunidade de Heliópolis, Zona Sul da capital paulista. Além disso, é realizado anualmente um festival de cinema que, em 2010, chegou à sua 5ª edição, com o patrocínio da Petrobrás e co-realização do SESC-SP.

O projeto tem, desde 2009, a direção de Daniel Gaggini, responsável pela reestruturação do Cine Favela que, a partir deste ano, será Ponto de Cultura do Governo do Estado de São Paulo, e até 2012 tem orçamento garantido para desenvolver atividades ligadas ao cinema.

Para o Gaggini, este projeto é importante para a comunidade. “Qualquer atividade cultural tem o poder de incluir e ocupar um indivíduo. Em consequência disso, a arte tem a capacidade de reduzir o tráfico e a violência onde é praticada.” Sobre como ganhar um festival, Gaggini acredita que alguns requisitos são relevantes. “Ser criativo, usar uma linguagem acessível a todos e conseguir passar a ideia principal no vídeo torna o participante um forte candidato ao pódio.”

Um comentário:

  1. É muito bacana mesmo esse tipo de iniciativa! Festivais como esses chamam as pessoas para a arte. E o bom é que mesmo quem é da periferia ou que não tem muita grana, pode participar. O Cine Favela é só um exemplo disso. E com as novas tecnologias, qualquer um pode ser um cineasta, ou videorepórter. Sites como o G1, por exemplo, publicam videos feitos por amadores. Isso sim é democracia.

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