quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Jornalismo e a minha decepção com o mercado de trabalho

Por Viviane Saraiva

Realmente às vezes é frustrante ver que as coisas não acontecem no tempo e da forma que planejamos. Quando temos objetivos na vida, o que queremos é que eles aconteçam logo, em curto prazo, quase imediatamente. O fato é que sempre existem obstáculos nesse trajeto, porém nem todos palpáveis ou compreensíveis, o que nos deixa ainda mais na dúvida sobre o que fazer para torná-los reais e finalmente encontrar uma felicidade durável no campo almejado.

Quando escolhi estudar Jornalismo, tinha certeza que era exatamente o que eu queria. Era a profissão para a qual eu estava disposta a me dedicar e seguir para o resto da vida. Sempre fui uma pessoa comunicativa, que ama ler, escrever e se relacionar com pessoas. Era a profissão perfeita para mim!

O que eu não sabia era que seria tão difícil segui-la. Eu não tinha noção de que o mercado de trabalho nessa área era tão concorrido e pequeno perante a tantos profissionais que se formam anualmente nessa área. E para ajudar, eis que o diploma não é mais uma obrigação para exercer a profissão. Legal, né?

O ponto mais complicado desse mercado tão competitivo é a exigência das empresas. Eles querem que sejamos fluentes em inglês, espanhol, francês e/ou mandarim. Além do mais, exigem experiência mínima de 6 meses a 1 ano na área de atuação, conhecimentos avançados do pacote Office a programas como InDesign, Ilustrator, Photoshop, Corel Draw, Dreamweaver e mais alguns que não me lembro agora. Ter feito intercâmbio é quase uma palavra-chave para que você desbanque todos os seus concorrentes e conquiste a vaga. Ah! E se você tiver um carro próprio então...meu querido, a vaga é sua!

Como eu terei experiência se não me dão sequer a oportunidade de adquiri-la? Como vou fazer um bom curso de idiomas, um intercâmbio ou comprar sequer uma bicicleta se eu não tiver um emprego? A não ser que eu fosse filha de um empresário, político, médico, de família judia ou algo assim, o que não é o caso.E a experiência dos quatro anos de faculdade? E os inúmeros trabalhos experimentais realizados em mídia impressa, televisão, rádio, assessoria de imprensa, livro-reportagem, pesquisas de campo, técnicas de textos...de nada valeram?

Outro quesito importante para que você consiga um emprego em qualquer área, mas principalmente na área de comunicação, é o tal do Q.I, vulgo Quem Indica. Basta ser apadrinhado por alguém influente da empresa para que tenha o seu lindo currículo entregue em “mãos quentes”, e receba a ligação para começar a trabalhar no dia seguinte com o salário X e benefício Y.

É muito triste e desanimador tudo isso que eu citei aqui, mas é a pura realidade. Quem já procurou um dia emprego na área de comunicação, sabe bem do que eu estou falando.

Não é gratificante passar quatro anos estudando e se dedicando a um curso de Jornalismo, que não é fácil, muito menos barato, e no final ter a sensação de que foi tudo em vão. Sair de casa às 6h00 da manhã, só voltar à meia-noite e meia. Passar boa parte das noites acordado para estudar ou fazer os trabalhos, dormir nos metrôs, trens e ônibus da vida no trajeto entre a casa e o trabalho ou entre o trabalho e a faculdade. Nada disso é viável para que no final não se tenha a ideia de que valeu a pena! Tudo bem que ganhamos o conhecimento, que é a única coisa que adquirimos e ninguém pode nos roubar, mas nem só de conhecimento vive o homem, meu caro!

Na verdade eu só queria desabafar e expor o que estou sentindo. Me formei no final do ano passado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo e trabalho na área administrativa. Até hoje não consegui uma oportunidade de emprego na área. Os processos seletivos os quais participei até hoje, além de convocarem 50 pessoas para concorrerem a uma única vaga, ainda fazem as exigências que eu citei no decorrer desse texto. Ainda não encontrei um Q.I. eficiente que pudesse me ajudar a conquistar uma vaga. Me considero uma boa profissional. Escrevo bem sobre os mais diversos assuntos, estudei numa boa universidade, não tenho medo de novos desafios, tenho força de vontade, facilidade de me relacionar e trabalhar em equipe e mais uma porção de coisas que o mercado também exige. Não, isso não é um merchandising, mas dizem que a propaganda é a alma do negócio, quem sabe funciona, né? (risos).

Se alguém aí puder me ajudar ou ser o meu Q.I. serei muito grata. Continuo nessa luta árdua contra o excesso de exigências do mercado. E assim eu sigo ainda acreditando que a minha hora vai chegar.